Odeio dar nome aos bois, apesar de adorar definições. Me explico: apesar de gostar de termos claros para designar os fatos, detesto essa mania "acadêmica" de ter que classificar, enquadrar ou nomear tudo. Existem experiências que são "inomináveis". Mas como narrá-las então? Quando se passa da sensação ao papel não temos como fugir, torna-se necessário "dar nome aos bois".
Então vamos lá: tentarei relatar da maneira mais clara, uma impressão bastante pessoal, da experiência "intercultural" ou do "intercâmbio cultural" ou da "fusão de culturas" que tivemos recentemente com nossa turnê em Portugal.
Ao sairmos daqui, como olhávamos a distância, e tínhamos uma vaga idéia de onde íamos aportar, pensava: Portugal deve ser muito parecido com o Brasil.Até porque a língua é a mesma, uma dificuldade a menos para transpor. Depois, segundo consta na história oficial, foram eles que "nos descobriram" e por aqui certamente deixaram muito de suas raízes,etc,etc,etc.
Ledo engano! Felizmente! Sim, porque se em princípio pensava que eram iguais a nós, por outro lado seria uma decepção constatar que são mesmo iguais a nós. Me explico. É evidente que a formação de um povo é influenciada por uma série de fatores. E nós, brasileiros, somos aquela mistura resultante de uma série de imigrantes de vários países e, como "diz a lenda", somos um povo eminentemente antrópofago, que está sempre assimilando e absorvendo novas influências. Por estes fatores, evidentemente, seria ingenuidade pensar que chegaríamos a Portugal e nos veríamos espelhados aí. Portugal é apenas uma parte do espelho do nosso caleidoscópio multi, multi...não sei, só sei que é multi. Lembrem-se que não gosto, ou assumo, tenho dificuldade em definir as coisas, embora tenha necessidade de fazê-lo.
A língua não é a mesma, não senhor! Não é mesmo! Por acaso alguém aí já ouviu falar em "rebuçado"? Parece qualquer coisa, menos o que é para nós: bala. Isso, bala! Não de revólver, a de chupar. Porque bala de revólver para eles é bala mesmo! Não querendo baixar o nível da "prosa" mas para eles, cú é bunda e bunda é cú. Aí é necessário tomar cuidado, "percebem"? Para não ofender ninguém. Apesar que, por lá, palavrão não é ofensa, é interjeição!
As vogais são muito fechadas em alguns casos. Lembro-me de um rapaz que quase teve um orgasmo quando nos ouviu falando. Me explico: dizia ele excitadíssimo: brasileiros! Adoro como vocês falam esse português aberto!
A comida, é ótima!!! Cada um de nós deve ter voltado com pelo menos,uns dois quilos a mais. São hospitaleiros e recebem muito bem! Nisso somos parecidos, hein?! Risos!!!
Bom, seria necessário uma tese para citar,comparar e avaliar as nossas inúmeras diferenças e semelhanças. Mas isso deixo para os doutores, isso é apenas o relato, como disse inicialmente, de uma impressão bastante pessoal da nossa experiência.
E o teatro?Sim, pois foi isso que fomos fazer por lá, não? Teatro! Apresentamos espetáculos, ministramos cursos, workshops....trinta e cinco dias de muito trabalho!!! Bom, mas acho que isso é assunto para um novo...um novo...que nome tem mesmo isso que a gente escreve aqui? Uma postagem, simplesmente?! Gostei! Não parece muito rebuscado!
Então...como dizia, é assunto para uma nova postagem!
Até lá!
2 comentários:
Bem vinda ao mundo blogueiro, Sra. Denise!
Com certeza, esta viagem ainda vai trazer muitas reflexões para o nosso fazer teatral.
Que bom!
huahauahauah
adorei o post..
to em faze de monografia na faculdade e a coisa mais chata é nomear tudo...
Só ouço que o verbo tal não condiz com a situação, que o verbo não sei o que está mal ultilizado...
Coisa chaaaata!!!
rsss
bjinhuus
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